FRASE DA SEMANA

"O orgulho pode nos levar a nos transformarmos em substitutos para Deus". James Houston

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Estação da Cruz


O Peregrino... "Quando eu era criança tinha muito medo da cruz, porque sempre a via como algo amendrontador. Ao pensar sobre ficar a sós com ela me dava pavor! Cria que ela era objeto da religião, de pessoas fracas e derrotadas. Fugi da cruz o quanto pude e quando estava o mais longe que consegui percebi o quão vazio estava e numa falsa luz fui convidado a olhar para o Deus-homem da cruz. Ele não me disse nada, mas sua condição me disse tudo que meu coração precisava escutar".

Quando o assunto é a obra redentora de Jesus, existem dois tipos de Cristãos. Os que enfatizam o Cristo da cruz e os que dão mais valor ao Cristo ressurreto. É como se uma obra fosse mais importante que a outra. Isso tem divido católicos e protestantes ao longo da história.


Paulo disse: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este cricificado". & " E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé". I Co. 2.2 e 15.14. Para o apóstolo da graça, cruz não enfatizava nem uma nem outra coisa e sim as duas. Não há como ir direto ao assunto ressurreição sem passar pelo Cristo da Cruz. O Profeta Isaías bradou da Velha Aliança: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito". 53.11.

O penoso trabalho já foi feito e a ressurreição trouxe a satisfação para o coração do Messias amado. Resta-nos viver a vida da Nova Aliança, colhermos o fruto desse trabalho penoso. Certa feita perguntaram a um Bispo Episcopal. Por que o Senhor usa a Cruz com o Cristo? De um lado ela está vazia e do outro Ele está nela. Essas são as duas colunas do Cristianismo, respondeu ele.

Cruz é sinal de redenção e compromisso, nela eu sou humilhado quando soberbo e estimulado quando sem forças para continuar. Isso para muitos é inaceitável. A Cruz de Cristo sempre será ofensiva para o homem natural. J. Blanchard. Carregar a cruz é para homens e mulheres despidos da antiga natureza e para quem nasceu da água e do Espírito.

Minha teologia é a Cruz. Afirmou Lutero. Sem Cruz não há cristianismo, não há redenção, tudo seria uma ideologia a mais, ser cristão deixaria de ser um projeto eterno para ser uma proposta de vida para o aqui e agora e deixa a vida me levar passaria a ter razão de ser. Mas graças a Deus pela história ter sido dividida por uma cruz fincada no meio. Campbell Morgan está correto: "Quem na verdade contemplou a de cruz de Cristo não pode jamais falar de casos sem esperança".

Quando se entende a mensagem da Cruz, não se tem medo e sim fé. Fé em um Deus que resolveu revelar seu amor pelos seus com um penoso trabalho na Cruz do Calvário.


Valdemar Santana
Mais Um Peregrino



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Estação do Amor Próprio


Mais Um Peregrino...Desde que me lembro, sempre escutei que deveria me amar mais que qualquer pessoa. Se eu não me amar quem me amará? Era só o que ouvia em relação a este assunto. Mas a busca deste tipo de amor próprio nunca satifez a minha fome de ser amado. Até que encontrei alguém maior que eu e que me ama mais do que possa me amar em toda plenitude das minhas potencialidades.

Esta é uma estação que podemos chamar de confortável. É difícil encontrar alguém que diga que não devemos nos amar, pelo menos na teoria. Amar a si mesmo é uma meta para a maioria das religiões e até mesmo nas terapias não-religiosas de um modo geral.
A Bíblia também trata deste assunto, ela nos ensina que devemos amar o próximo como a si mesmo (Mt. 22.39). A questão é, como eu entendo este mandamento? Pois sem o entendimento que Cristo quis dar, eu posso dizer dele o que quiser, tudo pode até soar bonito, mas não será redentor.
Falar de amor próprio para algumas pessoas é difícil porque elas têm dificuldade em harmonizar esse amor com humildade, renúncia e serviços cristãos.
Em nome de Jesus creia: “amar a si mesmo não é pecado!”. Mas também em nome de Jesus meus irmãos: “amar a si mesmo, como a Bíblia manda, não nos leva ao individualismo e muito menos ao egoísmo”.
Para que eu me ame como a palavra de Deus me ensina eu tenho que passar pela morte e ressurreição de Cristo. Sem isso, o amor a Deus, ao próximo e a mim mesmo será apenas mais uma teoria na história dos meus conhecimentos. Algo que só sobrevive no meu mundo imaginário, semelhante à idéia que tenho do país que nunca visitei.
No evangelho de Jesus, só se ama de verdade quem já morreu e ressuscitou. Quem deixou a velha criatura aos pés da cruz e passou da morte para a vida.
Este é o tipo de amor que verdadeiramente nos livra do mal de amarmo-nos na medida errada. Ele nos preserva do amor próprio que é estério em relação a Deus e ao próximo e leva-nos a um amor que é próprio mas que é redentor em todas as dimensões. Com Ele eu descubro que sou amado para amar. Que fui amado incondicionalmente, simplesmente por amor.
Assim, o amor próprio passa a ter o sentido que Cristo quis dar. Amar a si mesmo como nova criatura. Como diria Anthony de Mello: “É ser livre como uma flor que exala o seu perfume naturalmente sem que ninguém lhe force”.

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Estação do Medo




MAIS UM PEREGRINO... “Fui ensinado a não ter medo de nada, porque medo era coisa de gente fraca e sem coragem para viver. Depois me aconselharam dizendo que um pouco de medo “saudável” nos previne de decisões erradas e evitaria experiências desagradáveis. Neste fogo cruzado sempre tive dificuldade de me relacionar com o medo. Sempre lutei contra ele, tentei evitá-lo, o sufocar dentro de mim e até projetar o mesmo sobre os outros, mas ele sempre estava lá”


Um dentista certa vez me disse que ainda não tinha visto ninguém que ao sentar em sua cadeira não amarelasse. E olha que cadeira de dentista não tira a vida de ninguém, mas nos deixa em uma situação em que não temos o “controle” em nossas mãos.
Este talvez seja o maior alimento do medo, a nossa necessidade de controle. Quando perdemos a sensação de controle, logo se instala o medo porque mesmo não sabendo o que vem depois, nós temos a impressão de controlar nossas vidas. E qualquer situação que nos tire esta impressão leva-nos a casa do medo.
Dentro desta casa moram as nossas maiores angustias, ansiedades, inseguranças e tudo que tentamos driblar nesta vida. Mas a questão é que em algum momento da caminhada precisaremos entrar nesta casa, mesmo que não queiramos.Muitos entram na casa do medo com vários recursos. O pensamento positivo, a experiência, a fé, a cautela, a sabedoria, a religião e outros recursos legítimos.
Ninguém que entre nesta casa sai da mesma forma, porque ela funciona como uma fornalha que só deixa sair o que realmente importa. Ela nos desafia a deixar para trás todas as superficialidades que adquirimos para nos descarregar de cargas que nos atrapalhariam a conhecer lugares mais profundos.
No mundo de violência urbana, rural e até familiar em que estamos inseridos, não ter medo é uma anormalidade e falar em livrar-se dele uma utopia. Mas quando nos remetemos ao período da história em que seguidores de um revolucionário chamado Jesus Cristo não tinham medo de um império tão poderoso quanto o romano e em nome do que acreditavam, enfrentavam até a morte, o algoz que todos nós não queremos nem ouvir falar, pensamos e repensamos sobre o medo do medo e se de fato não há nenhuma saída para ele.
Que motivação eles tinham? Alguns diriam que foi o fanatismo religioso, lavagem cerebral, desejo por uma revolução política ou até outra motivação oculta. Graças a Deus que Ele nos deixou registrado grande parte dessa história na Sua Palavra. Nela encontramos vários recursos para enfrentar o medo. A fé, a coragem, a unção, a esperança, mas creio que nenhum desses recursos supera o amor.
Diante da luz do amor de Deus todos os recursos se curvam. “...o cumprimento da lei é o amor”. (Rm. 13.10). Com a certeza de que somos amados temos uma condição muito melhor para abrir a porta e entrar de mãos dadas com quem nos amou primeiro, assim enfrentaremos este gigante com maior dignidade porque: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”. (I Jo. 4.18).
Olhando para esta realidade nos sentimos distantes dela, principalmente no mundo competitivo em que vivemos. Mas o Príncipe da Paz nos convida todos os dias para juntos saciarmos a nossa sede de justiça sem tomar o cálice da ira, da vingança e muito menos o do medo, mas o cálice da Nova Aliança! Nele encontraremos a redenção dos nossos medos.

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Estação da Mudança



O Peregrino diz... Esta sempre foi à estação que sentia mais conforto interior e existencial, mas sempre ouvia que não era a estação dos “maduros”, me diziam que mudança constante é coisa de pessoas inconstantes, inseguras e imaturas. Às vezes aceitava tal argumento por não saber me defender do mesmo, hoje sei que enquanto estivermos por aqui sempre estaremos mudando para melhor ou pior a depender das ruas que escolhermos entrar.

No contexto em que vivemos, segurança e proteção são verdades que se buscam como caça ao tesouro e isso em todas as áreas, espiritual, emocional, social e material. Por estes e outros motivos, falar em mudança é o mesmo que estar sempre visitando uma área de risco. Só que a mudança faz parte do nosso crescimento e por isso ela é indispensável para vida.
Mudar é como inspirar e respirar é vital, além de ser um ótimo remédio para curar rotinas adoecedoras, aquelas que não sabemos como nos livrar delas. É obvio que sabemos que nem todas as mudanças são benéficas, principalmente quando mudamos com motivações más, só que estas mudanças devem ser lançadas no fundo do mar como nos sugere o profeta Miquéias.
As mudanças que precisamos nos apegar são aquelas que nos levam para estações melhores, pra frente, pra cima e não as que nos atrasam nos põe para baixo, afinal, estas são as mudanças que todos não queremos e talvez por elas é que muitos nem querem ouvir falar em mudar. Mudar por mudar não é mudar com consistência como nos ensinou Lewis Carol em sua obra Alice no País das Maravilhas quando Alice desorientada é questionada pelo gato no alto de uma árvore Para onde você quer ir? Não sei; estou perdida. O gato responde rápido: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.
Para este tipo de mudança a Palavra de Deus tem uma máxima: Palhas lançadas ao vento. Estas mudanças sem rumo, sem lenço nem documento não atrai nem sequer quem não sabe para onde ir, porque seria melhor ficar onde esta do que seguir algo sem propósito.
Para correr das mudanças consistentes e necessárias, muitos deram outro nome a soberba e a ignorância, “firmeza”, este é o nome que se dá para a ausência de humildade que é o primeiro passo para quem precisa mudar. Como disse Thornton Wilder: “A serviço do Amor apenas soldados feridos podem engajar-se”. Ninguém é tão estável que não tenha uma ferida a ser curada, algo a ser mudado e um lugar escuro a ser iluminado. “Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus”. Fl.1.6(NTLH).
Então, não tenhamos medo de mudar. Pois imagine Moisés, Pedro, Paulo, eu e você sem nenhuma mudança e tentando passar para os outros a idéia de que somos estáveis e equilibrados. Já pensou? Confesso que não dá nem para pensar! Finalizo convidando novamente Martin Luther King: “Nós não somos quem deveríamos ser, não somos que gostaríamos de ser, mas com certeza não somos mais os mesmos”.




Valemar Santana
Mais Um Peregrino
Imagem tirada do site www.caiofabio.com

terça-feira, 17 de junho de 2008

Estação da Ação


O PEREGRINO DIZ... “Sempre pensei que o que valia na vida era a atitude, as ações visíveis chamavam mais a minha atenção do que palavras ao vento e discursos vazios. Por isso, valorizava as pessoas que botavam a mão na massa, até que me deparei com o que Jesus disse sobre a ação de gente como os Fariseus e então tive que dilatar a minha concepção de AÇÃO”.


É indiscutível que agir vale mais que palavras, afinal de contas os nossos olhos são atraídos pelo que se vê, mas nem sempre o que se vê é o que se é, porque não é toda vez que a ação revela o coração. Brasília, Ongs, famílias e algumas “igrejas” são testemunhas visíveis do que estou dizendo.
A ação que enche os olhos pode estar cheia de segundas, terceiras e inúmeras intenções. Nem sempre agir é só usar as mãos ou mostrar algo visível do ponto de vista do mérito. Às vezes o silêncio é uma ação mais nobre do que caridades mal intencionadas. Como disse Protágoras: “Há dois lados para todas as questões”. E é exatamente aí que mora o segredo da ação verdadeira, pois quando se menos espera é ação e quando se tem à certeza que era a mais nobre "ação" não passou de palha lançada ao vento.
Sobre isso, Jesus certa vez disse aos de segundas intenções: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei; a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas!”. Mt. 23.23.
Esses caras supracitados se chegassem em algumas rodas “cristãs” seriam o padrão para muita gente que gosta de "Ação" sem coração no Evangelho, porque eles tem todas as credenciais para o padrão de santidade que hoje se estabelece nesses meios. Só que no padrão de Jesus eles não passavam de sepulcros caiados, porque tinham a Ação, mas não tinham o coração no Evangelho.
Quando se tem o coração no Evangelho, logo se dilata a visão de Ação, agir passa a ser não só botar a mão na massa, mas também falar na hora certa, calar na hora certa e fazer a caridade certa para a pessoa certa sem marketing próprio. Quando entendemos a Ação segundo o Evangelho, nos reconciliamos com o verdadeiro sentido do agir que é incondicional.
Obviamente que para corações duros como os nossos não é fácil tal atitude, mas não há um coração petrificado que não amoleça com a visita do Verbo da Vida e passe a entender e viver a Ação que Deus espera de nós, é o que o Cristo tem nos ensinado através do Caio: “Ação sem compromisso com a lei de causa e efeito”.
É agir por amor a Cristo ao próximo e só. Assim, a nossa consciência não só dorme, mas vive tranqüila. E o velho homem vai morrendo a cada dia, pois o seu suprimento é a visibilidade, o retorno, o elogio e a fama e enquanto o novo homem quer agir e descansar nos braços do Pai sem nada mais a esperar, pois nesta estação a Ação passa a ter sentido.


Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

terça-feira, 3 de junho de 2008

Estação da Ética

O Peregrino diz..."Eu sempre fui contra essa coisa de ser honesto porque acreditava que não valia a pena e também porque não conheci alguém de fato ou totalmente honesto. Os discursos sempre eram justos e exigentes, mas na prática a coisa era bem diferente. Então pensei sobre a motivação para ser ético e nela descobri que honestidade existe e é bem mais ampla que a ética moralista de plantão".


Ética= Ciência da moral. Talvés por isso não muito simpática para quem gosta de viver com significado sem deixar de ser justo. Sempre que o assunto é ética, principalmente ética cristã, logo se instalam várias polêmicas. Qual o limite da liberdade do Cristão?

Limite é uma coisa que não se discute pacificamente, porque uns querem ir além da Bíblia para proibir e outros para liberar. As interpretações para isso são muitas e se colocarmos aqui teríamos que mudar o foco deste bloger, o que não é o caso.

Qual a motivação para a ética? Há quem defenda que é só mergulhar dentro de si mesmo e encontrará a motivação para isso. Outros entendem que não prestamos para nada e dentro de nós não podemos encontrar tal motivação. Dietrich Bonhoeffer em seu livro sobre o assunto nos propõe: "Desprezo e idolatria do ser humano estão muito próximos um do outro". Não será despresando nem adorando a criatura que iremos encontrar motivação para sermos éticos do ponto de vista do cristianismo.
Mas O que é ser ético do ponto de vista do cristianismo? Se olharmos as caricaturas do "cristianismo" que estão a nossa frente, veremos que não dá para ser ético, pois para isso precisaríamos da perfeição. Por isso convido o Dr. Martin Luther King para nos ajudar, quando desafiado a desistir no meio da luta contra o racismo: "Nós não somos quem deveríamos ser, não somos quem gostaríamos de ser, mas com certeza, não somos mais os mesmos, por isso, continuemos!". E também a convicção do apóstolo da graça com ética, Paulo: "Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus". Fl.1.6.

Ser ético do ponto de vista cristão não é ser perfeito, mas lutar por ela com todas as forças, sempre lembrando que é na força do Espiríto que lutamos para alcançar tal estação amada por uns e odiada por outros, mas indispensável para uma existência pacífica interna e externamente!
Cristo nos ensinou que o Reino de Deus começa de dentro para fora ao contrário da proposta dos fariseus. Nesse tipo de ética precisaremos enfrentar o que Bonhoeffer chama de "falso eu", Brennan chama de "o impostor que vive em mim" e a Bíblia chama de "velho homem". Vamos colocá-lo diante do espelho, o Evangelho da Graça de Cristo! Então, passaremos por todas as estações com graça, mas sem abandonar a ética!


Valdemar Santana
Mais Um Peregrino






sábado, 24 de maio de 2008

Estação da Graça




O Peregrino diz... “Sempre vi esta estação como um lugar meritório, me ensinaram que temos que lutar com forças físicas, emocionais e espirituais para se alcançar “ uma graça”. Foi quando refleti sobre as coisas boas que recebi na caminhada, coisas que não pedi, busquei e muito menos me esforcei para receber. Também cheguei numa situação que pensei ser o fim para mim, porque havia feito coisas fora dos “padrões morais” e neste lugar fui visitado pela graça que pensava conhecer “A Graça do Evangelho de Cristo”.

No contexto meritório em que vivemos a graça tornou-se uma palavra “frouxa” e reduzida à conversão, é como se ela só fosse necessária no início da fé cristã. Não se vive pela graça, apenas converte-se por ela, depois é puro mérito. Creio que por este motivo, para alguns, ser cristão é algo tão pesado, tão difícil.
Para muita gente viver só pela graça é viver sem ética cristã, mas não é isso que o Evangelho nos mostra, o Apóstolo da Graça nos diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles (os outros apóstolos); todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”. I Co. 15.10.
Percebemos que a graça que o converteu no caminho de damasco continuou com ele depois do primeiro encontro, não só no primeiro amor, mas até o fim de sua peregrinação neste mundo de estações passageiras. Gene Getz diz que “a graça que salva é a mesma que santifica”.
Certa vez estava lendo Maravilhosa Graça de Philip Yancey e fui surpreendido com a seguinte afirmação: “Não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais. Não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos”. Sendo assim pensei: Que motivação eu terei para buscar a Deus tendo em vista que Ele já fez tudo?
Confesso que não foi fácil resolver este conflito. Abrir mão dos meus merecimentos não foi uma tarefa simples, pois para mim isto era um tesouro que eu não queria entregar para ninguém. Mas o Senhor estava constantemente batendo à porta do meu coração para que eu voltasse ao primeiro amor, onde tudo começou pela graça e só haveria o descanso almejado se eu entregasse a Ele esse tesouro que segurei com tanta força, “meus méritos”.
Para encontrar a resposta da motivação, precisamos primeiro abrir mão de merecer alguma coisa, mas essa não é uma tarefa fácil diante da cultura do triunfo em que vivemos, pois neste contexto quem perde nunca ganha nada, mas na matemática do Evangelho da Graça é diferente. Só vive quem morre, só ganha quem perde, só triunfa quem começa por baixo.
E aí só restou o que Brennan Manning propôs: “confiança e gratidão”. Confiança neste Deus que nos ama e nunca nos deixará de amar e muito menos nos deixará sozinhos. E gratidão por tudo que Ele já fez por nós. Creio que isto é viver pela graça, é ouvir o vinde de Jesus e experimentar o seu “Jugo suave e Seu fardo leve”. Assim, experimentaremos o sabor de ser sal e a luz como Peregrinos de Cristo!

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

terça-feira, 13 de maio de 2008

Estação do Auto-engano


O Peregrino... "Esta tem sido a estação que gasto mais tempo, nela me sinto confortável pela aprovação da maioria, mas nunca experimento a paz que procuro e muito menos sou quem nasci para ser e por isso luto para me desvencilhar dela todos os dias e percebo que estou quase saindo totalmente".

Pode alguém enganar a si mesmo? Sei que começar um texto com uma pergunta não muito recomendável lingüística e esteticamente, mas este não é um espaço para impressionar ninguém com o poder e a estética das palavras organizadas e persuasivas.Aqui é um lugar onde nós temos tentado viver de dentro para fora e não o contrário.
Bem, a pergunta ainda continua sem resposta. Todas as pessoas que tem um mínimo de noção sobre o Ser de Deus, sabe que d’Ele nada se esconde, mas há quem acredite que pode enganar a sua própria consciência, mentindo tanto para os outros sobre determinados assuntos e fatos que acabam convencendo até a si mesmos.
Confesso que tenho sérias dificuldades em acreditar nesta possibilidade. Creio que a mente das pessoas pode se desorganizar de tal maneira que ela acredite nisso, ainda que seja fruto de problemas psíquicos ou espirituais, mas na verdade não esta acontecendo, é só um mundo de faz de conta, semelhante ao mundo de Peter Pan na terra do nunca. Mas o nosso Deus tem poder para, através do Seu amor, revelado em Cristo no Evangelho, organizar esta mente, alma e ser com a força do Seu Espírito Santo. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
A questão é que a mentira dita muitas vezes e de forma persuasiva acaba ludibriando os de alma aberta, mas de mente fechada, os que querem engolir tudo sem pensar, e isso vai colocando sobre nós máscaras existenciais que vão dando-nos um falso rosto. Juca Chaves, cantor, ator e humorista brasileiro, em meados de 1974 foi submetido a uma cirurgia nos rins. Já na mesa de operação dirigiu-se aos médicos e enfermeiras e disse: “Se vocês fossem fazer coisa boa não precisavam de máscaras”. Jonh Stott nos ensina "que crer é também pensar”. Creia, usar a mente não é pecado é também um exercício de fé que nos ajuda a tirar as máscaras do auto-engano, pois crer não é ser sego a ponto de “auto-engar-se”.
Outro dia aconselhei alguém que disse ter conhecido um pastor que na época em que nossa moeda não tinha força, pedia dinheiro em dólar para a igreja, ele fazia desafios de U$ 300 a U$1,00. Dizendo que Deus daria em dobro a quem aceitasse o desafio. Ela começou a ler o Novo Testamento e foi refletindo sobre o que lia e ouvia e a coisa foi virando uma mistura de estações AM # Fm, não dava para sintonizar.
Então, ela resolveu procurar o tal “pastor” com tais reflexões. Ele com lágrimas de crocodilo nos olhos, disse que ela estava com o diabo e proibiu todas as pessoas da igreja de procurarem a irmã para não se “contaminar”. Mas ela tem perseverado e esta cada dia mais livre e caminhando para a estação do descanso no porto seguro do Evangelho de Cristo. Creu, pensou, e aí sim começou a tomar posse do que já lhe foi dado como herança, a verdade que liberta!
Esta talvez seja a estação que mais dedicamos tempo, conseqüentemente é a que mais nos deixa marcas e por isso precisamos nos desvencilhar dela sempre, pois ela é convidativa por ter a aprovação das multidões. Só que foram as multidões que glorificaram e pediram para crucificar Jesus. Nos desencarcerar disso é uma meta para hoje, como diria Paulo Freire: “Mas se eu não fizer hoje o que pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer”.
Peregrinos, não tenhamos medo de fazer perguntas, principalmente a nossa consciência. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, (livre) coma do pão, e beba do cálice”. Pois a verdadeira liberdade começa no coração e é ali que o Senhor deseja fazer uma linda Eucaristia sem auto-engano.

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Estação da Solidão



O Peregrino diz... “Dessa estação sempre passei longe, sempre a vi de forma muito má. Para mim ela sempre se apresentou como um fantasma que aterrorizava minha alma. O Pai viu essa minha aflição e moveu as circunstâncias para que eu não tivesse outra opção a não ser conhecer a solidão como de fato ela é e não como imaginava que fosse”.


No mundo agressivamente urbano em que vivemos não há lugar para a solidão. Quando se fala em solidão logo vem a mente alguém que esta precisando de ajuda. É bem verdade que ninguém nasceu para ser uma ilha, mas também é verdade, que ninguém vive acompanhado vinte e quatro horas por dia.
Você já tentou responder a pergunta: “Quem é você quando ninguém está olhando?”. Creio que as respostas seriam as mais variadas possíveis ou até, quem sabe, não haveria resposta, talvez você preferisse a distração mais próxima para não encontrar a resposta que com certeza o surpreenderia.
Alguém já disse que a solidão tem voz. O problema é como lidamos com isso. O pensador Paul Valéry dizia que “um homem sozinho está em má companhia”. Já para o filósofo francês Gabriel Marcel “a solidão é essencial à fraternidade”. Na solidão podemos nos humanizar ou desumanizar.
Quando não se entende o lugar e o valor da solidão, mesmo em meio à multidão nos sentimos sozinhos. A Bíblia revela que Israel não tirou bom proveito da solidão: “entregaram-se à cobiça no deserto; e tentaram a Deus na solidão”. (Sl. 106.14). Por outro lado revela: “Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de música”. (Is. 51.3).
O que fazer para que a solidão não se torne doentia? Antonio Máspoli nos ensina a separar o joio do trigo quando diz: “Isolamento social é estar só, solidão é sentir-se só”. Creio que o Senhor Jesus quando se retirava do meio de todos ou até quando estava com a multidão, em momento algum se sentia só.
O fruto da solidão pode ser bom ou ruim, vai depender de como regamos os momentos em que estamos sozinhos. No monte da solidão podemos ouvir a voz de Deus com mais clareza, percebermos o valor do nosso semelhante por conta da sua ausência e também nos encarar para vermos quem de fato somos. Por outro lado, ela pode nos traumatizar de tal forma que nunca mais a queiramos ver, mas sem querer ser profeta de coisas ruins, não vai adiantar muito, pois ela sempre nos acompanhará, porque a solidão não esta fora de nós e sim dentro.
Por isso, ou você lida com a solidão ou ela lida com você. Ou você a convida para dançar ou então a música será ela mesma que vai entoar em seus ouvidos uma melodia constante. E não adianta mudar de estação, porque o seu som estará sempre lá no fundo, se confundindo com a música do momento.
Não tenha medo, vá para o monte da solidão, você nunca estará só, porque o Deus que prometeu estar conosco todos os dias até o final dos tempos estará lá te esperando de braços abertos e te dizendo: venha! Aqui vamos conversar com mais intimidade. Quando você descer, poderá experimentar a realidade que diz: Deus faz que o solitário habite em família. Sl. 68.6.

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

terça-feira, 1 de abril de 2008

Estação do Débito




O Peregrino diz... “Na minha peregrinação pela graça, sempre me senti um devedor, isso porque me ensinaram que eu deveria dedicar o resto dos meus dias ao Senhor pelo que Ele fez por mim. Todo mundo sempre dizia o mesmo. E de tanto ouvir isso, acreditei ser verdade. Isso sempre me causou muito sofrimento interior, mas entendia que fazia parte da caminhada. Até que me perguntei; Será que o descanso que Cristo prometeu só será experimentado na eternidade?”.

No mundo que vivemos quando o assunto é trabalho, logo pensamos em luta e recompensa, desde o princípio é assim. “No suor do rosto comerás o pão...” Baseados neste princípio queremos generalizar tudo o que vivemos e fazemos.
Quando se fala em servir a Deus, tenta-se levar o mesmo princípio para este nível de relação. Basta você perguntar a qualquer líder: “como vai a sua igreja ou ministério?” A Resposta sempre será a mesma, mesmo que com palavras diferentes, mas o conteúdo será igualsinho, “apesar de mim, vai bem!”. Deixa-se sempre um débito pessoal para que o êxito da conquista não seja “aparentemente” da pessoa que respondeu e sim de Deus. Para testar esta postura é o bastante uma crítica e toda “aparente” humildade caí por terra.
A questão é que temos muita dificuldade de acreditar que não devemos nada e isso por vários motivos, dentre eles. 1) O fato de que se não devemos nada, que motivo temos para servir? 2) também pensamos que não teríamos uma razão para lutar contra o mundo, a carne e o diabo. Essas são só algumas questões que povoam nossa mente quando se trata desse assunto. Tenho certeza que existem outras, mas se estas forem respondidas as demais perderão forças.
Quando o Senhor Jesus bradou na cruz do calvário está consumado – Tetélestai! Ele cumpriu toda lei de Deus em nosso lugar, nossa redenção foi terminada e instalou-se o descanso que não é fruto de uma religiosidade vazia e farisaica, mas de uma obra, uma única obra de amor, a obra redentora de Cristo “Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito... Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de obediência”. Hb. 4.3 e 11.
Contradição? Não, harmonia divina! Até ser dia perfeito na presença de Deus. Que motivação terei para servir que não seja o sentir-me devedor? Brennan Manning sugere:CONFIANÇA & GRATIDÃO! Experimente passar a servir por estes motivos e então sentirá que um elefante saiu de suas costas. Tente imaginar se um Pai preferiria ouvir do filho; Pai, tirei as melhores notas, agora me dê o vídeo game prometido! Ou seria melhor. Pai, tirei as melhores notas para agradecer por tudo que você fiz e faz por mim!
É assim que Deus quer que o sirvamos, pois se fôssemos tentar pagar o que devemos a Ele nunca conseguiríamos, mesmo que a reencarnação fosse uma verdade. Com as mãos vazias sempre estaremos prontos a oferecer e receber de Deus o melhor.

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

Estação da Alegria





O Peregrino diz... “Sempre pensei que a alegria estava no riso fácil, na piada de mau gosto, no humor negro, no esquecer o cotidiano através de orgias de momento, em me divertir irresponsavelmente ou até em alegrias legítimas que não faziam mal a ninguém. Até que me deparei com uma cruz em meu caminho e então me vi sem forças para resistir à verdade de que tinha que mudar meu conceito de alegria”.


Alegria; satisfação, contentamento, prazer moral, festa. Esta é a definição de um dos dicionários que estava perto de mim quando escrevi esta reflexão. As palavras parecem limitadas ou superficiais quando este é o assunto.
No contexto em que estamos inseridos, ser alegre é sempre ser o que se determina de nós. A alegria sempre está refém de momentos sob a ditadura da maioria, coitado dos que não estão dentro desta orla de alegria. Como disse Karl Max: “As idéias vigentes de cada período sempre foram idéias das classes dominantes”.
Um autor que tenho citado, Brennan Manning, vem nos ensinar algo precioso para entrarmos neste assunto. O livro é: O Impostor Que Vive em Mim. E a frase é a seguinte:
“O impostor deve ser convidado a sair de seu esconderijo e apresentado a Jesus, ou os sentimentos de desesperança, confusão, vergonha e fracasso se aproximarão furtivamente de nós, desde o amanhecer até o anoitecer”.
Segundo Brennan, dentro de cada um de nós habita um impostor que se alimenta de ilusões. E tenho certeza que uma dessas ilusões é aprisionar a verdadeira alegria a momentos alegres, mesmo que legítimos.
Com esta pequena dica, creio que conseguiremos vencer este minúsculo conceito de que ser alegre é estar sempre alegre, se não, como crer que a carta de Paulo aos filipenses teria como tema alegria, estando ele na prisão quando a escreveu?
Jesus Cristo, no famoso Sermão da Montanha, nos ensina vários caminhos para a verdadeira felicidade ou alegria. “Felizes... os pobres de si e cheios do Espírito de Deus... os verdadeiramente quebrantados... os mansos não no temperamento, mas na vida... os que têm fome e sede da justiça da graça... os que têm misericórdia nas mãos e não só nas palavras... os que têm um coração constantemente sendo limpo pelo Evangelho da Graça... Os pacificadores da paz do Reino de Deus que é maior que a da ONU, com todo respeito e admiração... Os perseguidos por causa do Evangelho e não por falsos evangelhos e testemunhos”.
Destes, creio e interpreto eu, sem ter nenhum desejo de ser comentarista, ainda bem! Mais por eles que por mim. Já é a alegria de pertencer ao Reino de Deus que se concretizará no dia da alegria plena e sem limites!
Então, o velho ditado, “alegria, alegria, faça como eu sorria”, se converterá em “alegria, alegria, não dependa só de sorrisos para existir, exista como no pacto do casamento, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na abundância e na escassez, pois só assim você será quem nasceu para ser”. VIVA A BOA NOVA DA ALEGRIA DO REINO DE DEUS!

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

Estação das Heresias


O Peregrino diz... “Estava mergulhando em busca de uma espiritualidade profunda e compartilhei o desejo com outros peregrinos. Um deles me disse: cuidado com as heresias! Confesso que percebi um certo zelo na fala, mas não me dei por satisfeito com o fato das heresias estarem apenas no âmbito da confissão religiosa e ortodoxa. Então me perguntei. Pode alguém não ser herege na confissão e o ser no que pratica?”.

Esta, talvez pareça uma reflexão muito superficial, com cara de revistinha de escola dominical, com todo respeito. Mas é que pelo franco crescimento das seitas e também das reflexões teológicas, temos notado um grande uso do termo heresia.
Vem então alguns questionamentos. Ser um cristão de valores firmes está limitado ao fato de termos uma confissão “ortodoxa” que se encaixe com o que o espírito da época cristã determina? Ou vai além de um sobe e desce do parque de diversões do mundo das idéias teológicas? Volto a dizer, com todo respeito.
Afinal de contas, muitos “hereges” do passado, hoje são heróis. Se fossemos citar, a lista seria grande e ainda assim injusta. Heresia, em alguns casos, tornou-se uma palavra para ser usada com relação àquilo que não concordamos. Quando encontramos alguém que destoa das nossas “convicções”, logo taxamos, herege! Mas a pergunta que não quer calar é: “Onde está a heresia ou o herege?”.
Eu poderia responder dizendo que está no liberalismo teológico. Mas o que dizer daqueles que em nome do cristianismo ortodoxo mataram e instigaram outros a fazer o mesmo? Melhor será dilatarmos o nosso conceito do que seja uma heresia, se é que temos o direito de conceituar.
Então vamos tentar. Herege passa a ser todo aquele que confessa O Evangelho da Graça de Cristo, mas que não luta por demonstrá-lo em sua existência diária sem que para isso tenha que fazer marketing próprio. Para isso convocamos a religião de Tiago, irmão de Jesus: A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo. Sabendo o que isto significa.
Afinal de contas, como diria Santo Agostinho, principal teólogo da patrística, em Cidade de Deus: “Não pode saciar a fome quem lambe pão pintado”. Ser confessional sem ser prático é oferecer pão de plástico pintado com cara de que saiu do forno, mas que não passa de brincadeira de criança.
Portanto, a resposta é: É possível não ser herege na confissão e o ser na vida. Basta ser o que Cristo revelou de alguns fariseus; sepulcros caiados. Resta-nos crer que heresia não é só uma confissão que sai da melodia como notas desentoadas, mas também atitudes que fazem o mesmo. Lembrando o que Augustus Nicodemos ensinou em A Bíblia e a sua família: “a mensagem sempre é maior que o mensageiro”, por isso devemos perseguí-la!

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

Estação do Coitadismo


O Peregrino diz... “Passei pela estação dos coitadinhos e me vi persuadido a se um, fui convencido que dessa forma estaria agradando a Deus e as pessoas, porque isto é que é ser humilde, me disseram. Por um tempo me senti bem, mas sempre que lia os textos bíblicos que me diziam o contrário, procurava me esquivar deles ou forçá-los a dizer o que meu coitadismo queria, por isso não agüentei mais”.

Eu nem precisaria perguntar se alguma vez na vida você já se sentiu assim, porque mesmo que tentemos esconder, em algum momento passamos ou passaremos por esta estação da existência humana.
A síndrome do coitadinho(a), se apresenta com várias faces e sempre de maneira muito persuasiva para conosco e também com os outros, somos tão atingidos por este sentimento que até contagiamos quem está por perto e o contrário também é verdadeiro.
Este sentimento tem invadido o meio cristão em geral e é vendido como humildade. A pessoa faz aquela cara de peixe com fome e fora d’água e acaba convencendo a si e a quem está por perto de que é a pessoa mais santa que o cristianismo já conheceu. Mas a sua consciência, se ela ainda a tem, e ao Espírito Santo, jamais poderá mentir.
Tenho visto que esta é uma caverna em que muita gente têm usado para se esconder do falso evangelho do triunfo que está sendo vendido no mercado da fé ou para esconder sua verdadeira sede de poder. E esse, definitivamente, não é o melhor caminho!
O melhor caminho é trabalhar para aplicar O Evangelho da Graça de Cristo a toda nossa existência, e então, saberemos que humildade não é ser o coitadinho(a) de Jesus e sim ser mais que vencedor em Cristo Jesus. Então, encontraremos nossa verdadeira identidade, a de nova criação de Deus em Cristo e conseqüentemente teremos a dimensão certa do que seja humildade, saber o seu lugar. Como diria a turma do logos, preferidos do meu amigo Darlan, um servo e na da mais!
Então, saiamos das nossas cavernas existenciais de coitadinhos e nos apresentemos como de fato somos, pessoas que ainda estão em construção, pois aquele que começou a boa obra há de aperfeiçoá-la até o dia de Cristo Jesus! Não para sermos coitadinhos no Novo Céu e Nova Terra, até porque lá não tem lugar para isso, mas para sermos semelhantes ao Filho de Deus. Para isso, peregrinemos!


Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

Estação das Flores


O Peregrino diz... “Estava caminhando cansado quando vi várias flores, parei e fiquei admirando a beleza que morava em algo tão comum que sempre vi com os olhos, mas não via com a alma. Refleti sobre a possibilidade de eternizar aquele momento no momento em si, mas pude perceber que existe alguém maior que os momentos que sentimos desejo de eternizar e então passei a experimentar a certeza de que é possível viver numa eterna primavera”.

Em uma canção profética e polêmica durante a ditadura militar, Geraldo Vandré denunciou as nuvens escuras que a história do Brasil vivia naquele momento, o título da poesia musicada era “Pra não dizer que não falei das flores”. Geraldo mostrou a realidade de uma forma verdadeira, nua e crua, mas sem perder a beleza. Esse período da história com suas feridas e reflexões mudou e tem mudado a reflexão do nosso país. Em um desses anos, 1968, Zuenir Ventura chega a afirmar em título de livro que esse foi o ano que não terminou. E ele não está só nesta reflexão, pois é quase unânime a percepção dos desdobramentos deste contexto. Mas o que um período tão aparentemente infrutífero tem a ver com estação das flores? Se ficarmos presos ao momento em que tudo aconteceu só guardaremos magoas e ressentimentos ou como diria o próprio Zuenir: Beberemos a urina da história. Mas se olharmos para as flores que brotaram desse momento árido, aí sim, poderemos ver que antes da primavera sempre tem um inverno. A questão é que sempre queremos que venha a estação das flores, sem que venham as outras estações. Pensamos que se conseguirmos eternizar a estação que amamos estaremos seguros. Convido Santo Agostinho que nos ensina: “... nossa firmeza só é firmeza quando está em ti(Deus); mas quando depende de nós, então é debilidade”. Este é o único caminho para eternizamos a bela estação das flores. Davi em seu cântico de peregrinação nos diz: “Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes”. (Sl.126.6 NVI). O choro nunca é fruto de uma estação florida, mas precisamos sair ainda que esteja chovendo, porque lá na frente virá o sol trazendo as flores que foram regadas por chuvas e lágrimas. Ao pegarmos o bouquet, sentiremos o aroma com mais profundidade, pois a estação das flores tem mais valor para quem andou, ainda que na chuva, do que para quem ficou com medo pensando que ela não viria. Saiamos sem medo porque não há perfume melhor que o de Cristo!
Valdemar Santana
Mais Um Peregrino

Estação dos Credos e Confissões


O Peregrino diz... “Visitei a estação dos credos e confissões. Encontrei confissões de amor entre dois amores, confissões de fé das instituições religiosas, credos confissões, confissões das mágoas entre dois e entre muitos. Confesso que com tantas confissões fiquei quase sem ter o que confessar, mas aí...”.


A história das pessoas e das instituições é marcada por fatos que precisam ser mais que vividos e lembrados, precisam ser documentados. Temos vários tipos de documentos que validam ou não estas histórias. Documentos oficiais, particulares, religiosos etc. As confissões nem sempre são documentadas, imagine se todas as confissões de amor de casais fossem documentadas, quantos cartórios seriam necessários? Nas confissões e credos cristãos encontramos afirmações de suma importância para a fé. Elas tratam do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Da Igreja, do céu do inferno e tudo o mais. Há até quem faça uma análise-confissão das marcas da verdadeira igreja de Cristo na terra: Una, Santa, Católica, Apostólica. Outros afirmam que as marcas da verdadeira igreja são: A Fiel Pregação da Palavra de Deus e O Correto Uso dos Sacramentos. Perguntei a um teólogo amigo meu: Por que o amor não tem tanta evidência nos credos, confissões e marcas da igreja? Como bom teólogo ele respondeu: Meu amado, o amor esta nas entrelinhas desses documentos! Confesso que saí quase satisfeito, mas quase é pouco para explicar a nobreza do amor. A dúvida persistiu e o quase satisfeito não satisfez. Então resolvi mesmo diante de documentos importantíssimos como os credos, as confissões e até as marcas da igreja, propor um acréscimo a esses documentos, tendo em vista que eles não são inspirados a ponto de não poderem ser alterados ou melhorados e também sabendo que posso colocar minha cabeça a prêmio, mas quem ama não tem medo de perder o corpo queimado, quanto mais a cabeça. Cristo não coloca o amor nos apêndices de sua confissão. Ele resume toda lei em dois mandamentos. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Na Sua vida, ele faz questão de deixá-lo bem latente, visível e notório. Para Cristo o amor deve estar em primeiro lugar em qualquer confissão e modo de vida.Paulo diz que o cumprimento da lei é o amor (Rm.13.10 NVI). Santo Agostinho chega a afirmar, de forma escandalosa para os puristas, que quem ama pode fazer o que quiser. Como peregrino do evangelho da graça, confesso crer que estas últimas estações me deixaram mais satisfeito que as primeiras do amor das entrelinhas. E que este amor deveria vir antes de qualquer ponto em qualquer credo, confissão ou marca que a Igreja do Senhor Jesus possa ter, pois o amor jamais permitiria que a igreja cometesse os erros que todos nós estamos cansados de saber e às vezes até justificar, o que é total falta de amor. Portanto, amemos e que o resto venha depois, porque o amor é maior que a fé e a esperança. I Co. 13.13, e até maior que os credos e confissões.
Valdemar Santana.
Mais Um Peregrino!

Estação da Religião



O Peregrino diz... "Visitei a estação das religiões, nela senti uma certa segurança. Eu estava no rol de membros da instituição, tinha uma função "vocacional", também era respeitado por pensar com profundidade o que todo mundo pensava. Só não entendia porque estava sempre com sede, por mais envolvido que estivesse, sentia uma insatisfação muito grande em minha alma".



Você já parou para pensar se há alguma diferença entre Evangelho e Religião? Sabemos de cor e salteado que religião vem de religar, mas este termo está tão gasto que quando pensamos nele só pensamos em nos religar a uma institução e não a Deus. A religião e a religiosidade tem roubado das pessoas o que elas tem de mais precioso, A alma. É isso mesmo, a religião tem tirado a alma das pessoas.
Quando falamos em religião logo nos vem a mente regras e mais regras para se alcançar "graças divinas". É aquela velha história de trocar bênçâos por frequência ou qualquer expressão de fidelidade a religião, o que Caio Fábio chama de barganhar com Deus.
Brennan Maning nos sugere que a melhor forma de seguirmos a Cristo é por confiança e gratidão o que nos leva a seguir leve e sem peso, como Cristo disse: "um jugo suave e um fardo leve". Trocar o peso de andar com sede por uma cruz é muito melhor. Tirar das costas a dor de carregar pecados em troca de um discipulado radical é melhor que andar com a máscara da religião que enfeitça quem nos vê e nos deixa com o coração permanentemente amargurado e sedento.
Bem, e a diferença, onde está? Está no que Tim Keller propõe. "Religião são regras e Evangelho são notícias" e boas notícias, e a melhor é que não precisamos mais seguir regras para alcançar nada, tudo já foi feito, o que temos que fazer é confiar e agradecer. Confiar que Cristo fez tudo na cruz e na ressurreição e viver o resto dos nossos dias dando o nosso melhor não por regras e fardos religiosos, mas por gratidão a Ele. Só agora dá para entender o que quer dizer o salmo 37.3: "Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança".

ValdemarSantana.
Mais Um Peregrino.

Mais Um Peregrino


O Peregrino diz... “Eu sou um peregrino, e na minha caminhada encontrei muitos semelhantes, peregrinos com causas, ideologias, sonhos, bondades e maldades. Encontrei até quem peregrina sem saber pra onde vai, que vai só por ir. Por isso me senti obrigado a responder. Que tipo de peregrino sou eu?


Mais um peregrino? Quem sabe você não tenha perguntado isso ao entrar neste bloger. É isso mesmo. Mais Um Peregrino! Este não é um termo novo, ele tem sido usado ao longo da caminhada de várias pessoas que não conseguem viver presas a estações existenciais que as limitem a ser quem elas não nasceram para ser, peregrinas de uma única estação.
Abraão ouviu isso quando teve um sono profundo. “... a tua posteridade será peregrina em terra alheia...” Gn. 15.13. Davi em uma de suas orações no salmo 39.12 poetiza. “... sou forasteiro à tua presença, peregrino como todos os meus pais o foram”. O diácono Estevão defendendo-se das calúnias contra a sua peregrinação profetizou: “E falou Deus que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira...” At.7.6. Pedro, o apóstolo peregrino, que foi escolhido por Cristo como a pedra, não a principal, mas uma das que iriam edificar a sua Igreja, em uma de suas epístolas diz-nos: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois...”.
Depois dos personagens da história bíblica, não poderíamos deixar de citar clássicos como: O Peregrino de Jonh Bunyan, As Confissões de um Peregrino de Paulo Coelho, Os Doze Contos Peregrinos de Gabriel Garcia Marques, El Peregrino Secreto de Jonh Lê Carré e até a ponte que existe há mais de mil anos no caminho de Santiago que tem por nome Ponte dos Peregrinos. Muitos são os peregrinos, por isso, vocês encontrarão não mais um peregrino, e sim, vários e entre eles, eu, meu amigo Mendes e outros que virão.
Aqui você sempre encontrará a fala do Peregrino e em seguida uma reflexão sobre ela. O Peregrino representa homens e mulheres, servos e servas que lutam para encontrar a estação de descanso que sua alma anseia.
Vamos tentar abrir o coração e tirar dele o que o Senhor tem colocado, pretendemos falar um pouco das estações que passamos, estamos passando e passaremos. Caminharemos com um grande companheiro, Cristo, não o Cristo das religiões vazias, mas o Cristo dos que peregrina pela graça, essa é a minha resposta, sou Mais Um Peregrino da Graça e quero lhe convidar a peregrinarmos juntos. Venha! Vamos Peregrinar até a estação final que nos espera. Estação da graça eterna!!!

Valdemar Santana.
Mais Um Peregrino!

Estação do Amor-ego



O Peregrino diz... “Visitei a estação do amor que pensei ser o mais sincero (sem cera), mais leal, mais bonito e que trazia uma paz que acreditei ser a verdadeira. Então, ao passar pela rua e ver um semelhante meu deitado no chão, embriagado, sujo e provavelmente sem morada, nada senti. Passei e fui pros meus afazeres. Ao chegar em casa, refleti sobre Deus e sobre mim. Pude notar que havia algo errado neste amor que estava possuindo meu coração. Perguntei a Deus; que amor é esse que não me deixa sentir nada ao meu semelhante padecer?”.



Creio que todos nós já visitamos esta estação e não menos de uma vez. E existem até aqueles que já tornaram-na sua última estação. Esta é uma estação verdadeiramente sedutora porque nos fala de amor, só que este amor está entre amores que competem uns com os outros, pra ver qual deles é o maior.
Como denominar um amor que se deixa competir com outros, mesmo sabendo que é o mais sedutor dos amores que competem? Vou chamá-lo de amor-ego. Comprovadamente, ele é o maior dos amores que precisa provar que é amor. Ele traz a sensação de independência, pseudoliberdade e auto-estima “equilibrada”.
Este é o tipo de amor que cobra, exige exclusividade doentia e não compartilha nada de forma solidária, só dá quando se tem algo a receber, só corre atráz de recompensas. Nele, machucamos e somos machucados, esquecemos até do nosso próximo mais próximo.
Não sou lingüista, por isso quero pedir licença aos que são, para parafrasear a primeira regra de felicidade proposta por Cristo no Sermão da Montanha quando ele disse: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mt. 5.3.Eis a paráfrase que proponho: “Felizes os pobres de si mesmo, porque o reino de Deus lhes pertence”.
Esta é a regra básica para se entender o amor-ágape. Preciso morrer a cada dia e ressuscitar como novo ser para viver o amor que não compete com os anteriores, pois não precisa provar que é, ele apenas vem e entra em nossas vidas, ele é irresistível, nossa alma se rende ao seu poder benigno.
Quem algum dia foi visitado por este divino-amor, sabe o que estou querendo dizer.
Aqui e em lugar nenhum as palavras explicariam. Resta-nos, gentil e urgentemente aceitar o convite para navegar nestas águas tranqüilas do amor-ágape, amor de Deus! Nada nos será pedido em troca, apenas ouçamos a voz que diz: Vinde e vede!

Valdemar Santana.
Mais Um Peregrino.

Estação do Crédito



O Peregrino diz... "Visitei a estação do crédito, não a do crédito comercial, mas do existencial. Fiz grandes e pequenas obras, caridades, cultos fervorosos, lutei contra meus pensamentos maus e fiz tudo com a consciência de estar fazendo diante de Deus e dos homens. Por isso, senti-me credor, mas ao olhar pra cruz do meu salvador, percebi que algo estava errado na minha percepção. Então, senti um vazio em minh’alma – meu Deus! Que vazio é este?"



Você já visitou uma estação como esta? Eu já! Sempre que nos ocupamos muito com as “obras”, temos a sensação de estar com crédito diante de Deus e dos homens, e o pior, é que nos deixamos peregrinar assim, com a alma cheia de nós mesmos. O cinismo passa a ditar as palavras e gestos, mostramos piedade, memória boa para decorar versículos, habilidade nas coreografias do louvor congregacional. Até que alguém nos agride de alguma forma e aí toda nossa “espiritualidade” cai por terra.
Basta que falem da nossa fragilidade do momento, critiquem algo em nós ou em quem amamos e então, como disse Brennan Manning, acaba a espiritualidade de “bijuterias de pastéis de vento”.
É por isso, que mesmo que façamos obras de caridade, adoremos e louvemos com fervor, lutemos contra os nossos pensamentos maus e outras coisas mais. Sentimos um vazio muito grande, ele é fruto de estarmos olhando pra nós e para os outros ao fazermos o que é certo, porém com o olhar errado.
Paulo, o peregrino-apóstolo, nos fala um pouco da postura correta para trabalhar muito pra Deus e se sentir em paz e não credor. “Mas pela graça de Deus, sou o que sou, e a sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo”. I Co. 14.10.
Esta é uma vacina contra os males do farisaísmo, ainda existente em nossos dias. Tenho visto muitas pessoas sofrendo e fazendo sofrer por causa deste mal. Já andei, tenho lutado pra não andar, vi e tenho visto gente sincera, porém equivocada, peregrinar na estação do crédito. Ela é uma estação aparentemente segura, mas que lá nos esperam o brilho sedutor do mundo, as garras felinas da carne e a magia maligna do pai da mentira.
Por isso todo peregrino(a) que se preze, que é morada do Espírito de Deus, jamais se satisfará com esta estação, se persistirmos em peregrinar assim, sempre seremos amigos do vazio da caminhada insatisfeita, ainda que com muitas obras.
Peregrinemos então em busca da estação da paz, da graça e do amor de Deus em Cristo a nossa estação mais segura. Sem esquecer de fazer o melhor!

Valdemar Santana.
Mais Um Peregrino.