O Peregrino diz... "Visitei a estação do crédito, não a do crédito comercial, mas do existencial. Fiz grandes e pequenas obras, caridades, cultos fervorosos, lutei contra meus pensamentos maus e fiz tudo com a consciência de estar fazendo diante de Deus e dos homens. Por isso, senti-me credor, mas ao olhar pra cruz do meu salvador, percebi que algo estava errado na minha percepção. Então, senti um vazio em minh’alma – meu Deus! Que vazio é este?"
Você já visitou uma estação como esta? Eu já! Sempre que nos ocupamos muito com as “obras”, temos a sensação de estar com crédito diante de Deus e dos homens, e o pior, é que nos deixamos peregrinar assim, com a alma cheia de nós mesmos. O cinismo passa a ditar as palavras e gestos, mostramos piedade, memória boa para decorar versículos, habilidade nas coreografias do louvor congregacional. Até que alguém nos agride de alguma forma e aí toda nossa “espiritualidade” cai por terra.
Basta que falem da nossa fragilidade do momento, critiquem algo em nós ou em quem amamos e então, como disse Brennan Manning, acaba a espiritualidade de “bijuterias de pastéis de vento”.
É por isso, que mesmo que façamos obras de caridade, adoremos e louvemos com fervor, lutemos contra os nossos pensamentos maus e outras coisas mais. Sentimos um vazio muito grande, ele é fruto de estarmos olhando pra nós e para os outros ao fazermos o que é certo, porém com o olhar errado.
Paulo, o peregrino-apóstolo, nos fala um pouco da postura correta para trabalhar muito pra Deus e se sentir em paz e não credor. “Mas pela graça de Deus, sou o que sou, e a sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo”. I Co. 14.10.
Esta é uma vacina contra os males do farisaísmo, ainda existente em nossos dias. Tenho visto muitas pessoas sofrendo e fazendo sofrer por causa deste mal. Já andei, tenho lutado pra não andar, vi e tenho visto gente sincera, porém equivocada, peregrinar na estação do crédito. Ela é uma estação aparentemente segura, mas que lá nos esperam o brilho sedutor do mundo, as garras felinas da carne e a magia maligna do pai da mentira.
Por isso todo peregrino(a) que se preze, que é morada do Espírito de Deus, jamais se satisfará com esta estação, se persistirmos em peregrinar assim, sempre seremos amigos do vazio da caminhada insatisfeita, ainda que com muitas obras.
Peregrinemos então em busca da estação da paz, da graça e do amor de Deus em Cristo a nossa estação mais segura. Sem esquecer de fazer o melhor!
Valdemar Santana.
Mais Um Peregrino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário