FRASE DA SEMANA

"O orgulho pode nos levar a nos transformarmos em substitutos para Deus". James Houston

sábado, 7 de maio de 2011

Estação da Bibliolatria

Diz o Peregrino... "Ainda no início da juventude tive um encontro maravilhoso com Cristo, depois disso, encontrei alguns que se diziam seguidores seus, que me orientaram a ler muito a Bíblia, pois era nesse livro que estava à resposta de tudo que precisava. Segui estes conselhos. Li, memorizei, estudei, descobri diversas interpretações, mas mesmo com tudo isso não sentia o deleite e nem encontrava o alimento que precisava e procurava, principalmente senti que o amor do início não estava mais presente. Confesso que quase desisti, até que encontrei alguém que me mostrou o caminho de volta".


     Creio que a idolatria é o pecado que Deus mais odeia, ele chega a ser comparado com feitiçaria, e podemos encontrar no Velho Testamento o povo de Deus praticando isso diversas vezes, provocando assim uma grande tristeza em Seu coração.
      Na história da idolatria, principalmente na história da igreja, os cristãos vivem se acusando, em especial os protestantes acusam os católicos dessa prática, o que não deixa de ser uma verdade, mas é uma meia verdade, pois do lado protestante não falta a tal da "idolatria", só que ela é mais sutil, não é explícita, mas não tem a menor diferença, pois para Deus tudo começa no coração.
     Fui criado entre catolicismo e baixo, médio e alto espiritismo, depois que fui achado pelo amor de Cristo conheci bem de perto o protestantismo que diz ser a religião purificada ou reformada como alguns gostam de se autodenominar. Confesso que não imaginava que iria encontrar tanta idolatria nessa via do cristianismo que se diz tão puro.
     Encontrei pastolatria, egolatria, granalotria, eclesiolatria e até doutrinalotria, só não esperava a tal da bibliolatria. Essa quase acabou com a minha fé em Cristo, só não acabou porque meu encontro com Ele foi verdadeiro e o maior da minha vida. Percebi isso quando cheguei ao famoso mundo da hermenêutica, o mundo das interpretações e seus intérpretes.
     Sempre que ia conversar com alguém dessa turma eles me diziam: “você já leu o autor fulano de tal?” Eu dizia: “ainda não” Eles retrucavam: “leia, ele deve ser o maior intérprete do período tal”, então eu resolvia ler o tal intérprete. De tanto ler intérpretes fiquei confuso e achando que seguir a Cristo era seguir intérpretes, fui para tantos caminhos que pensei estar perdido denovo. Confesso que isso em nada satisfez minha alma e o pior é que eu tinha receio de compartilhar este sentimento porque via todo mundo “satisfeito”, então eu pensava: “o errado sou eu, preciso me santificar mais”.
     Permaneci assim por longos anos, minha alma clamava por libertação e sentia uma saudade enorme dos primeiros dias de fé, até que encontrei alguém que bradou: “A Chave é Jesus!!!”. Então, comecei reler a Bíblia e a vida a partir dessa chave hermenêutica que desconstruiu e está desconstruindo os demais ídolos que as religiões católica, espírita e protestante me ensinaram a coletar .
     No começo foi estranho, era bom e leve demais para ser verdade, mas perseverei e perseverei e estou perseverando. Fui percebendo que a saudade do primeiro amor foi diminuindo e esta diminuindo cada vez mais, também notei que a Bíblia deixou ser apenas um livro e está se tornando Verbo Encarnado dentro de mim, tem dias que isso é tão forte que chega a ser pessoal, d’Ele para mim. Notei também que a sede por compromisso cresceu como nunca e que o desejo de servir pegou fogo.
     Hoje leio a Bíblia como "A Carta de Amor do Pai à Seus Filhos". A mente e o coração aquecem a cada leitura, a impressão que tenho é que estou fazendo parte das cenas do texto, isso encanta e assunta, edifica e desconstrói muita coisa dentro e fora de nós. Não tenho mais dúvida de que é por aí. O Canon não é um fim em si mesmo, pois esse foi o erro dos fariseus que Jesus denunciou: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês tem a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo vocês não querem vir a mim para terem vida”. João 5.39 e 40(NVI).
     Seguir Jesus é isso, fazer d’Ele o único padrão para tudo avaliar, só assim abriremos os olhos para derrubar todos os ídolos, os de pau, pedra, gesso, madeira, visíveis, invisíveis e até os mais escondidos dentro de nós, como a  sutil bibliolatria. Esse é o processo de conversão, cura e libertação mais importante a ser feito. Comece ou recomece agora a fazer isso no poder do Espírito, e você verá que Deus Pai tinha razão quando disse: “Este é o meu Filho amado de quem me agrado. Ouçam-no!”. (Mt. 17.5b)

Valdemar Santana
Mais Um Peregrino


domingo, 1 de maio de 2011

Estação da Estabilidade na Semente do Primeiro Adão

Diz o Peregrino... "Desde que me entendo por gente que meus pais, amigos e colegas me falavam sobre  uma tal de estabilidade. Os argumentos a favor dela eram tão lógicos e quase irrefutáveis, que não tive alternativa a não ser correr atrás desse tesouro. No meio do caminho fui encontrando pessoas que o encontraram, mas que não se satisfizeram com tal conquista, isso me levou a pensar de forma mais ampla sobre esse assunto".
Todos nós sabemos muito bem que viver pela fé não é viver uma vida de alienação e de irresponsabilidades sociais de um modo geral. Temos que trabalhar para o sustento da família e da vida, o trabalho é um mandamento e uma bênção de Deus para redimir e dar dignidade ao ser humano.
     Também não podemos viver uma vida cristã juvenil que pensa que ser rico é pecado e que os ricos são mais difíceis de serem alcançados pelo Evangelho. Eu tenho visto soberba e orgulho na várias classes sociais que pastoreio, e até às vezes, com mais frequência, os encontro entre os mais pobres financeiramente. O desafio maior não é possuir ou não as riquezas desta vida, mas o de não deixar-se possuir por elas.
     Os seguros, aposentadorias, automóveis, patrimônios quitados ou financiados, ou outros bens e conquistas, não vão nos dar a tão sonhada "estabilidade" apregoada pelo contexto em que vivemos onde o símbolo da fé não é cruz, mas o cifrão do velho mamom, que Jesus deixou claro que não dava pra carregá-lo e serví-Lo. Precisamos quebrar primeiro esse ídolo em nosso coração para depois vivermos uma vida redimida até nessa área que dizem ser a última a se converter e a primeira a se desviar, o bolso.
     Toda estabilidade que esta vida tem para dar, por mais aparentemente boa e "estável" que se apresente, esta contaminada pela semente do primeiro Adão que não conseguiu fazer o que lhe foi determinado, por isso só a semente do segundo Adão, Jesus Cristo, que é o Evangelho, pode nos dar a segurança e verdadeira estabilidade, pois vem do trono do Pai e se aplica a nossa vida pelo poder do Espírito Santo.
     Termino tomando por empréstimo as palavras de um homem que aprendeu o segredo do contentamento para viver: "Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece". Você já deve ter percebido que o autor é o apóstolo Paulo que encontrou pessoalmente com Cristo no caminho de damasco e passou a propagar essa esperança que encheu seu coração da verdadeira estabilidade vinda de Deus. Esse texto é parte de uma carta que ele escreveu aos irmãos que viviam em Filipos - Fl. 4.12 e 13.
     Que lutemos para dar o melhor para nossa família, igreja e sociedade sem, contudo deixar-se possuir pelo espírito da época que promete estabilidade sob o custo da venda da alma e da destruição da fé no que realmente vale a pena, O Evangelho.


Valdemar Santana
Mais Um Peregrino