O Peregrino diz... “Estava caminhando cansado quando vi várias flores, parei e fiquei admirando a beleza que morava em algo tão comum que sempre vi com os olhos, mas não via com a alma. Refleti sobre a possibilidade de eternizar aquele momento no momento em si, mas pude perceber que existe alguém maior que os momentos que sentimos desejo de eternizar e então passei a experimentar a certeza de que é possível viver numa eterna primavera”.
Em uma canção profética e polêmica durante a ditadura militar, Geraldo Vandré denunciou as nuvens escuras que a história do Brasil vivia naquele momento, o título da poesia musicada era “Pra não dizer que não falei das flores”. Geraldo mostrou a realidade de uma forma verdadeira, nua e crua, mas sem perder a beleza. Esse período da história com suas feridas e reflexões mudou e tem mudado a reflexão do nosso país. Em um desses anos, 1968, Zuenir Ventura chega a afirmar em título de livro que esse foi o ano que não terminou. E ele não está só nesta reflexão, pois é quase unânime a percepção dos desdobramentos deste contexto. Mas o que um período tão aparentemente infrutífero tem a ver com estação das flores? Se ficarmos presos ao momento em que tudo aconteceu só guardaremos magoas e ressentimentos ou como diria o próprio Zuenir: Beberemos a urina da história. Mas se olharmos para as flores que brotaram desse momento árido, aí sim, poderemos ver que antes da primavera sempre tem um inverno. A questão é que sempre queremos que venha a estação das flores, sem que venham as outras estações. Pensamos que se conseguirmos eternizar a estação que amamos estaremos seguros. Convido Santo Agostinho que nos ensina: “... nossa firmeza só é firmeza quando está em ti(Deus); mas quando depende de nós, então é debilidade”. Este é o único caminho para eternizamos a bela estação das flores. Davi em seu cântico de peregrinação nos diz: “Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes”. (Sl.126.6 NVI). O choro nunca é fruto de uma estação florida, mas precisamos sair ainda que esteja chovendo, porque lá na frente virá o sol trazendo as flores que foram regadas por chuvas e lágrimas. Ao pegarmos o bouquet, sentiremos o aroma com mais profundidade, pois a estação das flores tem mais valor para quem andou, ainda que na chuva, do que para quem ficou com medo pensando que ela não viria. Saiamos sem medo porque não há perfume melhor que o de Cristo!
Valdemar Santana
Mais Um Peregrino
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