O Peregrino diz... “Dessa estação sempre passei longe, sempre a vi de forma muito má. Para mim ela sempre se apresentou como um fantasma que aterrorizava minha alma. O Pai viu essa minha aflição e moveu as circunstâncias para que eu não tivesse outra opção a não ser conhecer a solidão como de fato ela é e não como imaginava que fosse”.
No mundo agressivamente urbano em que vivemos não há lugar para a solidão. Quando se fala em solidão logo vem a mente alguém que esta precisando de ajuda. É bem verdade que ninguém nasceu para ser uma ilha, mas também é verdade, que ninguém vive acompanhado vinte e quatro horas por dia.
Você já tentou responder a pergunta: “Quem é você quando ninguém está olhando?”. Creio que as respostas seriam as mais variadas possíveis ou até, quem sabe, não haveria resposta, talvez você preferisse a distração mais próxima para não encontrar a resposta que com certeza o surpreenderia.
Alguém já disse que a solidão tem voz. O problema é como lidamos com isso. O pensador Paul Valéry dizia que “um homem sozinho está em má companhia”. Já para o filósofo francês Gabriel Marcel “a solidão é essencial à fraternidade”. Na solidão podemos nos humanizar ou desumanizar.
Quando não se entende o lugar e o valor da solidão, mesmo em meio à multidão nos sentimos sozinhos. A Bíblia revela que Israel não tirou bom proveito da solidão: “entregaram-se à cobiça no deserto; e tentaram a Deus na solidão”. (Sl. 106.14). Por outro lado revela: “Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de música”. (Is. 51.3).
O que fazer para que a solidão não se torne doentia? Antonio Máspoli nos ensina a separar o joio do trigo quando diz: “Isolamento social é estar só, solidão é sentir-se só”. Creio que o Senhor Jesus quando se retirava do meio de todos ou até quando estava com a multidão, em momento algum se sentia só.
O fruto da solidão pode ser bom ou ruim, vai depender de como regamos os momentos em que estamos sozinhos. No monte da solidão podemos ouvir a voz de Deus com mais clareza, percebermos o valor do nosso semelhante por conta da sua ausência e também nos encarar para vermos quem de fato somos. Por outro lado, ela pode nos traumatizar de tal forma que nunca mais a queiramos ver, mas sem querer ser profeta de coisas ruins, não vai adiantar muito, pois ela sempre nos acompanhará, porque a solidão não esta fora de nós e sim dentro.
Por isso, ou você lida com a solidão ou ela lida com você. Ou você a convida para dançar ou então a música será ela mesma que vai entoar em seus ouvidos uma melodia constante. E não adianta mudar de estação, porque o seu som estará sempre lá no fundo, se confundindo com a música do momento.
Não tenha medo, vá para o monte da solidão, você nunca estará só, porque o Deus que prometeu estar conosco todos os dias até o final dos tempos estará lá te esperando de braços abertos e te dizendo: venha! Aqui vamos conversar com mais intimidade. Quando você descer, poderá experimentar a realidade que diz: Deus faz que o solitário habite em família. Sl. 68.6.
Valdemar Santana
Mais Um Peregrino