Diz o peregrino... “Desde pequeno sempre gostei de coisas simples e bonitas. Aprendi isso
com vários tipos de pessoas, lugares, coisas, culturas e na criação. Todos me
ensinaram sobre a beleza da simplicidade. Desejando crescer nesse aprendizado
vi que só o saciaria em alguém muito maior do que tudo que já tinha visto. Foi nesse
momento que fui encontrado por Ele”.
Sou um
matuto urbanizado de Bom Conselho papacaça, terra de Pedro de Lara, do coronel
Zé Abílio, que era padrinho de lampião. Terra do meu avô Valdemar, que muito
marcou minha infância. Meu nome começa com José porque nasci laçado e por lá, onde nasci, se cria que quem nasce laçado deve ter no primeiro nome José para os
homens e Maria para as mulheres.
Gosto muito da cultura matuta e urbana, pois
sempre encontrei nelas, muita sabedoria e simplicidade, mesmo em meio a tantos
mitos e inverdades que esse povo carrega por ser parte da humanidade caída,
filhos do primeiro Adão, como outros o são também. Lembro de um matuto falando
sobre um menino travesso que viu traquinando, ele disse: “se num indireitá agora,
depois que o pescoço indurecer vai dá trabai!”. Lembro também que na cultura urbana da urgência aprendi a ver a, também urgente, fome do Evangelho nas vidas feridas pela tirania do deus Mamon, que faz milhões de seguidores a cada dia.
A simplicidade desse povo sempre me
encantou não só por causa da objetividade, mas também pela beleza que ela traz.
Lembro que a época que mais me enternecia era o natal. Ficava ansioso para ver
as luzes e a manjedoura, tinha vontade de entrar nela e ficar brincando com
todos que faziam parte daquele que foi o momento mais divino da história. Nos parques da cidade vi famílias brincando e comendo pipoca despretensiosamente, sem medo do tempo.
Só que depois que crescemos, vamos ficando “adultos”,
e como bem disse Richard Foster: “Passamos a querer ter mais razão do que ser
feliz”. E nesse caminho da razão com pouco coração, a vida vai complicando e
ficamos só com a lembrança de uma vida simples e tão proveitosa.
Outro dia pedi a Deus para me
reapaixonar pela Bíblia e recebi a dica do meu mano-amigo pastor Daniel que me
falou da tradução da Mensagem para o português, que já conhecia no livro: Uma
Vida com Propósito. Louvo a Abba porque além do entendimento ser muito
redentor, encontrei um ninho para voltar à beleza da simplicidade.
Entrei na faze dos “enta” que só
terminará aos cem anos, mas sou de uma geração que dificilmente vai ver alguém
com essa idade, mesmo com todas as ciências de rejuvenescimento, pois o que se
produz contra nossa “sobrevivência” é bem maior. Por isso, precisamos construir
tesouros no céu como nos mandou Emanuel.
Hoje O Evangelho me falou, na versão
da Mensagem, com sua simplicidade persuasiva e bela narrado pelo evangelista Mateus: “Prioridades em
primeiro lugar! Seu compromisso deve ser com a vida, não com a morte. Siga-me!
Busque a vida!” (8.22). Dá-nos ouvidos para ouvir e um coração disposto a
correr esse caminho Abba, por teu filho amado Jesus Cristo, para que a vida
entre nós e ti e entre nós mesmos, se torne mais simples e bonita!!!
Valdemar Santana
Mais Um Peregrino