O Peregrino diz... “Quando criança ia à missa. Confesso que não me lembro de nenhum sermão que me marcou até hoje. Mas uma coisa eu nunca esquecia, era o momento da Eucaristia. Ficava aguardando à hora em que o padre levantava a hóstia, era um momento de admiração, um namoro celestial entre eu e Deus. Nem sei dizer em palavras o que aquele momento representava para mim, era um profundo mistério revelado entre eu e meu Pai Amado!”
Uma das coisas importantes em uma igreja que discípula, com seriedade, discípulos para Cristo e não para si, é ensinar a importância dos sacramentos na vida cristã. Vemos isso em Atos 2.42-47. As marcas da vida de Cristo na primeira igreja. Ensino, comunhão, eucaristia, oração, levar Deus a sério (temor), sinais e maravilhas, unidade e solidariedade. Isso fez com que quem visse tais marcas, quisesse voluntariamente fazer parte da comunidade.
Vejo nisso uma consciência sacramental que parte da teologia da cruz. Verticalidade e horizontalidade relacional. Não só eu e Deus, mas eu e o próximo. Creio que para isso precisamos vencer a perspectiva que coloca a visão sacramental coisificada a frente de Deus e o próximo. Não podemos amar mais as coisas visíveis que representam a graça invisível e maravilhosa de Deus, do que as pessoas pelas as quais ele deu o seu melhor. Jesus Cristo.
Quando olhamos para a vida a partir de Jesus, a vida se torna sagrada. A família, o trabalho, os dons e talentos, tudo. Por isso, para Jesus, a ação mais sagrada é a do Bom Samaritano, que via no próximo sua mais urgente necessidade de ação sacramental. Diferente do sacerdote e do levita que viam nas coisas sagradas algo mais importante do que o próximo ferido no chão.
A melhor forma de discipular a alma na crescente consciência sacramental é começar pelas pessoas e depois partir para as coisas, pois se não, não adianta deixar nada no altar, se eu não entender que o altar do coração do meu próximo ainda não foi alcançado pela verdade do evangelho através da reconciliação que eu preciso fazer com ele.
A ordem que precisa se estabelecer dentro de mim é Deus, as pessoas e depois as coisas. Aí vai valer a pena fazer uso do pão e do vinho da ceia, da água do batismo e dos demais sacramentos materiais que simbolizam uma espiritualidade com começou entre eu e Deus, depois atingiu o próximo para ai sim, ir até as coisas com verdadeiro significado.
Valdemar Santana
Mais Um Peregrino